Dor e movimento

O que democracia tem a ver com seu corpo?

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2/20/20252 min read

topless woman with blue and green smoke
topless woman with blue and green smoke

Você já reparou na quantidade de movimentos que realiza ao longo do dia?

Até para respirar! Podemos estar numa postura estática, deitados na cama, ou sentado sobre uma poltrona confortável, que internamente uma sinfonia de movimentos acontecem dentro do nosso corpo para que o ar entre e saia de nossos pulmões.

Não é só no nosso corpo, mas a natureza também revela a supremacia do movimento, desde aqueles mais óbvios, como as ondas do mar, até aqueles invisíveis aos olhos, como os movimentos das raízes por baixo da terra.

O corpo, para que este se mantenha saudável, necessita estar em movimento. Vida é sinônimo de movimento, que é sinônimo de ação. A imensa quantidade de movimentos experimentados desde o nascimento é uma preciosa ferramenta a serviço da nossa experiência humana. A seleção dos movimentos acontece pelo registro dos gestos mais utilizados, mais repetidos, que pouco a pouco se inscrevem no cérebro como um mapa. Quando criança nossa consciência corporal é bastante afinada e é notória a elegância dos movimentos que produzimos, e a medida que vamos adquirindo hábitos e padrões de comportamentos vamos alterando essa consciência e toda a elegância se transforma em gestos e posturas disfuncionais.

Um corpo harmonioso estabelece uma democracia entre os seus músculos, permitindo cada grupo muscular agir através da reciprocidade, num relacionamento fraterno. Aos músculos está reservada a consciência do diálogo, dando possibilidade para que a alma se manifeste em sentimento, pensamento e linguagem.

Ao longo do tempo vamos adquirindo hábitos que enfraquecem a democracia muscular e impomos uma ditadura a um determinado grupo em detrimento de outro. Quando isso acontece passamos a sentir dores e desconfortos naqueles músculos que estão sobrecarregados. Com isso vamos perdendo toda a elegância e mobilidade.

O corpo não é um mero serviçal que apenas realiza o que a mente determina, mas é também mente em si mesmo. O maior desafio para o entendimento disso é a ideia tão arraigada de que corpo e mente são separados. O corpo utiliza os sentidos e os movimentos como mediadores entre o indivíduo e o mundo. O movimento determina todos os processos vitais, em todas as dimensões, sejam elas vegetativas ou cognitivas. Toda comunicação humana implica em algum tipo de movimento. Para cada tipo de dor e parte do corpo adoecida, teremos padrões de movimentos e posturas razoavelmente típicos. Mesmo que a fala do indivíduo esteja confusa, seu corpo não se engana e mostrará através de seus movimentos o que acontece naquele organismo que talvez o indivíduo não consiga traduzir em palavras.

É assim que o sedentarismo é o pai de todos os males. No nosso mundo moderno, 90% das profissões são realizadas sentadas em uma cadeira de escritório. Nosso corpo foi projetado para o movimento, não faz sentido alimentarmos uma cultura que negligencia a atividade física, ou a reduz a condição estética. É importante levarmos a nossa atenção aos movimentos que realizamos ao longo da nossa vida.

Nosso estilo de vida excessivo e veloz nos rouba consciência corporal e nos lança numa espiral de demandas e obrigações. No meio disso tudo o corpo é apenas aquele que nos leva para cumprir tais papéis. Com pouca consciência nos abandonamos em posturas, gestos e comportamentos disfuncionais. Alteramos os fluxos de energia do corpo e a circulação de nossas águas através de hábitos que reduzem a longevidade e qualidade de vida.

Mova a sua mente. Movimente-se!