Espelho, espelho meu ...
Esse ego define quem sou eu?
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1/24/20252 min read


Na jornada terapêutica não é novidade se relacionar com o mundo a partir do princípio da correspondência: "Assim como é em cima, é embaixo; assim como é dentro, é fora"
Somos convidados a olhar para dentro na tentativa de compreender o que tem fora. Num primeiro momento parece uma ideia esquisita, simplista e eu até diria acovardada. Mas no segundo momento, parece que se revela um dinamismo com muito potencial para o desenvolvimento pessoal.
É bastante natural que em nosso desenvolvimento busquemos desenvolver uma imagem de nós mesmos agradável e aceitável pelo contexto social. Aprendemos bastante cedo quais são as qualidades admiradas pelos outros e como devemos ser para sermos amados e aceitos. É aí que começa a armadilha do ego. Inicialmente, o ego é uma estrutura da personalidade essencial para nossa existência, ele não é o inimigo. Mas dependendo de como nos relacionamos e condicionamos esse ego ele pode atuar como um inimigo, nos conduzindo a situações repetitivas e desgastante.
O espelhamento é a melhor analogia para isso que quero dizer. Se permita imaginar junto comigo: você colocou uma roupa que ao olhar para si mesmo não te possibilita gerar um juízo, nos vemos de uma maneira bem limitada, por isso vamos buscar o espelho para ver nossa imagem refletida e aí sim, conseguir se perceber de uma maneira mais inteira e fazer os ajustes necessários, podemos perceber que a calça não combina muitos bem com a blusa. Que o brinco está destoando do resto, ou que o sapato escolhido ficou estranho.
As relações funcionam dessa mesma forma, encontramos com nossos queridos e percebemos que algumas coisas não são tão legais. Tem o fulaninho que é muito irritante, tem o ciclano que é chato, a beltrana que é insuportável. Determinadas características só é possível perceber no outro. Para eu conseguir ver como a calça ficou na parte da bunda eu preciso olhar no espelho.
Quem em sã consciência construiria um ego com essas características? Irritante, chato e insuportável? Praticamente ninguém! Nunca devemos generalizar, mas é bem provável que tentemos ser pessoas legais, agradáveis e calmas. Não sei se te gerou estranheza, mas percebeu que eu disse construir um ego? Parece ser algo dado, né?! Uma coisa meio síndrome de Gabriela: eu cresci assim, eu nasci assim, gabrieeeela!
Pois é, a formação do ego é um processo do qual temos responsabilidade. É óbvio que tem determinadas circunstâncias que não temos controle, mas sempre podemos alterar nossa forma de reagir a elas e com isso reprogramar os padrões reativos. Em certa medida isso é o que significa autoconhecimento, ou pelo menos a primeira parte dele, reconhecer padrões, as condições da nossa existência e aprendermos como mudá-los. E o outro é parte fundamental desse processo, ele é nosso espelho, você entende?
As relações não são para reforçar a imagem que temos de nós mesmos, ou para nos fazer felizes. Relações são motores de conscientização, são espelhos para que eu veja algo sobre mim mesmo através do outro. Esse 'mim mesmo' que me refiro tem características pessoais, mas ele também é formado por conteúdos impessoais, que pertencem a nossa humanidade.
Se relacionar com essa perspectiva em mente pode nos ajudar a descobrir detalhes, características e qualidades sobre nós e sobre a humanidade.
É degrau constituinte da jornada de responsabilização e emancipação.